terça-feira, 4 de maio de 2010

Peritos do INSS dizem conviver com episódios de violência nas avaliações médicas

A convivência com casos praticamente rotineiros de agressões psicológicas e físicas pode se agravar ainda mais caso a Previdência Social não tome providências imediatas de contratação de novos profissionais. A deficiência de 1.500 médicos peritos para atender o cidadão nas Agências da Previdência Social (APS), aliada a exigência por parte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de atendimento em um tempo máximo de 20 minutos, pode comprometer ainda mais esse quadro de violência.

A avaliação foi feita pelo presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), Luiz Carlos Teive e Argolo, responsável pela organização de um encontro nacional que reúne profissionais de todo o país em Brasília. “O quadro é crítico, há um esvaziamento [no quadro de atendimento de médicos peritos] que vai gerar o caos no atendimento ao público”, avaliou o profissional, em entrevista à Agência Brasil.

Ele ressaltou que o clima de insegurança entre os médicos é tamanho que há um processo de “adoecimento maciço”. A prevalência é de casos de distúrbios de comportamento decorrente de estresse. Só neste ano, já foram constatados mais de 10 casos de agressão física contra peritos.

Para a médica perita do Rio de Janeiro Maria Helena Abreu Teixeira, uma circular editada pela Previdência Social, que abriu a possibilidade de o trabalhador, pelo telefone 135, marcar vários pedidos de avaliação em postos de atendimentos diferentes pode ter agravado a situação. “Há o caso de um cidadão que teve a perícia negada no Rio de Janeiro e solicitou a reavaliação em São Paulo. Por sorte, ficamos sabendo e colocamos os colegas paulistas a par da situação”, disse a profissional.

Essa circular, segundo ela, trouxe dois problemas: o aumento das filas e a maior possibilidade de fraudes contra a Previdência Social. Em decorrência, o aumento dos casos de violência contra os médicos se torna praticamente inevitável, afirmou Maria Helena.

“A situação chegou ao ponto que, no ano passado, uma colega do Rio de Janeiro concedeu o benefício à paciente. Insatisfeita com o período de afastamento, ela deu um tapa na cara da médica”, relatou Maria Helena. A obrigatoriedade, em algumas agências do país, de que o próprio perito entregue o resultado da consulta ao trabalhador resulta em episódios graves, inclusive com ameaças de morte, acrescentou.

No encontro realizado em Brasília, os peritos de todo o país apresentaram algumas reivindicações ao governo. Entre elas, estão o cumprimento de carga horária de seis horas sem redução de salário, a reabertura das negociações para aumento de salários e a contratação de, pelo menos, 500 novos peritos.

Por meio de sua assessoria, o Ministério da Previdência informou que 500 profissionais aprovados no último concurso, realizado em março, estão prestes a ser contratados. A expectativa é de que o resultado seja homologado ainda esta semana. Além disso, outras 500 vagas poderão vir a ser criadas caso o Congresso Nacional aprove o Projeto de Lei 5914/09, que tramita na Câmara dos Deputados. A assessoria, no entanto, não quis comentar as demais queixas de Argolo e de Maria Helena.

Fonte: Agência Brasil

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