A Dra. Claudia Paola, dirigente do SIMEPAR |
Profissionais reclamam de interferência e de falta de segurança nos oito Centros Municipais de Urgência Médica de Curitiba. Por mês, eles atendem 120 mil pessoas
Médicos que trabalham nos oito Centros Municipais de Urgência Médica de Curitiba estão reclamando das atuais condições de trabalho. Eles são responsáveis pelo atendimento de 120 mil pacientes por mês e, além de fazer diagnósticos, precisam enfrentar a falta de segurança, interferências no exercício da profissão e uma relação de trabalho inadequada, segundo a diretora-adjunta do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar), a médica Cláudia Paola Carrasco Aguilar.
De acordo com Cláudia, o sindicato recebeu inúmeras denúncias, o que fez com que a entidade levasse o caso ao Ministério Público do Trabalho.
Um médico que trabalha em um dos Centros – que prefere não ser identificado – diz ser absurdo que um gestor determine como o trabalho dele deve ser feito. “Os médicos têm liberdade para indicar o melhor tratamento para o paciente. O gestor não pode limitar o nosso trabalho. O que está acontecendo no momento, como o ato de restringir exames, por exemplo, é um absurdo”, diz.
Os profissionais, segundo Claudia, afirmam ainda que a prefeitura está proibindo o retorno dos pacientes aos centros. “É uma norma que não tem cabimento. A apendicite, por exemplo, numa primeira avaliação pode não ser identificada, mas dentro de algumas horas o paciente apresentará um quadro típico da doença, ou seja, o retorno é necessário”, diz.
Outro problema seria a falta de segurança. “Com o acúmulo de trabalho, o serviço fica sobrecarregado, gerando filas. Com a demora para o atendimento, as reclamações aumentam e muitos pacientes acabam extrapolando. Não são raros os casos de médicos e enfermeiros agredidos verbalmente e fisicamente. Alguns tiveram que ir para delegacia. As agressões são corriqueiras”, afirma a diretora-adjunta.
Outro tópico seria a relação de trabalho. Os médicos não são funcionários da prefeitura, mas de instituições privadas, de hospitais como o Cajuru, o Evangélico, a Cruz Vermelha e da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). A prática, segundo o sindicato, configuraria uma suposta terceirização, o que é ilegal.
Quem são
As unidades de saúde estão localizadas nos bairros Boqueirão, Boa Vista, Cajuru, Pinheirinho, Campo Comprido, Fazendinha, Sítio Cercado e Cidade Industrial de Curitiba. Em cada uma há um grupo de médicos por dia, mas eles não são fixos – há uma rotatividade de profissionais, por isso é difícil calcular o número exato de médicos que fazem o atendimento nesses locais.
Outro lado
De acordo com o médico e diretor do Serviço de Urgência e Emergência de Curitiba, Matheus Chomatas, o contrato de serviço dos centros não caracteriza terceirização. “É um grande convênio com as escolas de medicina de Curitiba, que têm hospitais. A responsabilidade clínica é do hospital de retaguarda e não da prefeitura”, afirma.
Em relação ao retorno de pacientes e a suposta interferência no exercício da profissão, ele afirma que os centros de urgência são unidades de pronto atendimento e não ambulatórios de investigação. “O retorno dos pacientes não é proibido, mas é inadequado”, afirma.
Sobre a segurança, Chomatas diz que a Guarda Municipal está presente em todos os centros para proteger não apenas o patrimônio, mas os servidores. O diretor nega ainda a acusação de sobrecarga no serviço. Segundo ele, uma Portaria do Ministério da Saúde (2048/2002) estipula um número mínimo de médicos de acordo com o tamanho da unidade de saúde. “Nossas unidades são de porte 3. O que significa que na teoria teríamos que ter três médicos clínicos e três pediatras por turno. Nós temos dez. O que pode ocorrer, e ninguém comenta, é o médico que tem que chegar às 7 horas, mas chega às 9 horas. E aí a população se enfurece”, afirma.
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