segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O desafio de levar médicos para o interior

Matéria do Jornal Gazeta do Povo.


O ministro Alexandre Padilha, na cerimônia de posse: compromisso de discutir sem preconceito maneiras de fixar profissionais “nas regiões mais longínquas do interior”
Ministério da Saúde criou grupo para discutir melhoria na prestação de serviços. Proposta inclui a criação de uma carreira para o SUS, nos moldes do que já existe na área jurídica

O Ministério da Saúde criou, no fim do ano passado, uma comissão para tratar da criação da carreira do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto, preparado desde setembro, pretende oferecer médicos a cidades com dificuldade no recrutamento de profissionais. Estima-se que 500 municípios do país não tenham médicos que residam na cidade.

A proposta prevê que a seleção será feita por concurso público. Cidades cadastradas para participar do projeto receberiam profissionais contratados pelo ministério. Ela prevê rotatividade dos médicos em um sistema semelhante ao que ocorre nas carreiras jurídicas. “Na primeira cidade, o médico ficaria pelo menos três anos. Depois disso, ele seria transferido para um local próximo”, contou Aloísio Tibiriçá, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina e membro do grupo que elaborou a proposta.

Resistência

A nova carreira foi pensada em um formato para quebrar a resistência apresentada por médicos para trabalhar em áreas distantes. Segundo Campos, a falta de interesse não é vencida só com altos salários. Ele observa que médicos temem ficar desatualizados quando trabalham em locais distantes e não encontrar condições adequadas para exercer a profissão. A rotatividade ajudaria a convencê-los. Por isso, a proposta prevê educação continuada. Cidades dispostas a participar teriam o compromisso de oferecer condições mínimas de trabalho. Segundo membros da comissão, as secretarias estaduais de Saúde podem ajudar na infraestrutura dos serviços.

No primeiro momento, a força será composta só de médicos, porque o grupo de estudo verificou não haver problema para contratação nem de enfermeiros nem de dentistas. A remuneração ficará sob responsabilidade do ministério, mas o valor seria “descontado” dos repasses que a pasta faz para as cidades, mensalmente. Até agora, a maior parte dos municípios candidatos para participar do programa são do Norte e do Nordeste.

Nos moldes atuais, o projeto foi desenvolvido na gestão anterior, do ex-ministro José Carlos Temporão. O novo titular da pasta, Alexandre Padilha, deve propor alterações. Seu discurso de posse incluiu o tema. “Todas as medidas que nós possamos discutir, que garantam a qualidade dos profissionais de saúde, que garantam a valorização dos profissionais de saúde e que ajudem e contribuam para fixação dos profissionais de saúde nos cantos que este país precisa, seja nas periferias das regiões metropolitanas, seja nas regiões mais longínquas do interior, nós não podemos ter preconceito em discutir”, observou. “Nós temos que discutir todas as medidas possíveis.”

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