Matéria do Jornal Gazeta do Povo
Hospitais fecharam 20.491 vagas destinadas ao tratamento de transtornos mentais e dependência química desde 2001
Desde que a Lei da Reforma Psiquiátrica foi sancionada, em 2001, o Brasil não para de perder leitos destinados ao tratamento de pessoas com transtornos psíquicos ou dependência química. Foram 20.491 em todo o período – 1.170 no Paraná, segundo o Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (Datasus). Nem a política de enfrentamento ao crack, lançada no ano passado pelo governo federal com a promessa de pagar melhor os hospitais, conseguiu frear a tendência de fechamento de leitos. Em janeiro, o Hospital Filadélfia, em Marechal Cândido Rondon (Oeste do estado), fechou 250 leitos que atendiam pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A redução de leitos diminui as chances de internamento dos doentes, já que nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) este procedimento não é possível. “Os leitos foram praticamente extintos e não se criou nada para compensar. Agora, essa nova política contra o crack esbarra justamente na baixa oferta de leitos. É um funil que não tem mais para onde escoar. A situação tende a ficar ainda pior”, opina o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta.
Por trás da extinção de vagas está o valor das diárias pagas pelo governo federal, considerado baixo pelos hospitais psiquiátricos. As diárias variam de R$ 38,59 a R$ 49,70 por paciente, conforme a capacidade da instituição. “O hospital tem de tirar dinheiro do próprio bolso para poder financiar o tratamento. Se continuar assim outros hospitais vão fechar as portas”, afirma Rotta.
O Hospital Filadélfia prestava atendimento a 152 municípios, que abrigam uma população de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Por falta de verba, se viu obrigado a desativar os leitos. “Não temos mais condições financeiras para continuar prestando o serviço. Estamos terminando o tratamento de 35 pacientes até março e vamos parar de atender definitivamente. No ano passado, tivemos um prejuízo de R$ 1 milhão devido à falta de ajuda financeira do governo federal”, afirma a diretora da instituição, Ana Carolina Seyboth Kurtz. O custo médio de um paciente por dia varia de R$ 150 a R$ 230, de acordo com ela.
Para a diretora do Hospital Psiquiátrico de Maringá, Maria Emilia Parisot de Mendonça, está havendo uma inversão de papéis. “A gente está subsidiando o governo em um papel que cabe a ele fazer, que é dar um serviço de saúde pública de qualidade”, diz.
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