quinta-feira, 15 de março de 2012

Médicos serão substituídos em Centro de Urgências

Matéria do Jornal Gazeta do Povo

O atraso no pagamento de benefícios aos médicos que atuam no Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) do Sítio Cercado, em Curitiba, teria provocado falta de profissionais na unidade e lentidão no atendimento na última terça-feira. Os médicos da unidade são contratados pelo Hos­pital Evangélico, que tem enfrentado dificuldades financeiras e atrasado alguns pagamentos. Os problemas forçaram a Secretaria Mu­­nicipal da Saúde a adiantar o processo de transição de um sistema terceirizado para outro a cargo da administração pública indireta e a contratar novos profissionais.

Os médicos terceirizados na unidade serão substituídos pelos que passaram por processo seletivo da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), que deve assumir todos os CMUMs até o fim de abril. Os aprovados farão o teste admissional na próxima segunda-feira e a Secretaria espera que na próxima quarta-feira eles já estejam trabalhando junto com os médicos do Evangélico. Depois do processo de transição, o convênio com a instituição será finalizado. A Secretaria não informou quantos profissionais serão substituídos.

A transição, programada para abril, foi adiantada devido a re­­­clamações feitas por usuários do sistema de saúde. Na noite da última terça-feira, apenas um médico estaria atendendo no centro do Sítio Cercado. Diversos pacientes de casos menos graves tiveram que ser transferidos para outras unidades de urgência. A Secretaria, no entanto, in­­formou que havia cinco médicos trabalhando na terça até a meia noite e, no turno seguinte, quatro profissionais compareceram.

Fragilidades

Segundo a secretária municipal de Saúde, Eliane Chomatas, há uma fragilidade na relação entre os médicos e a instituição empregadora. “O Evangélico vem passando por uma situação difícil e de várias mudanças administrativas, o que dificulta a manutenção dos profissionais”, afirmou. O Hospital Evan­­­gélico e sua mantenedora, a Sociedade Evan­­gélica Beneficente (SEB) de Curitiba, têm uma dívida calculada em cerca de R$ 300 milhões.

No entanto, a assessoria de imprensa do hospital informou que os salários de fevereiro foram pagos em 8 e 9 de março. O vale-refeição do mês passado também foi quitado, porém, o de março ainda não foi pago. Em relação à demora no repasse de honorários médicos, o hospital informa que, quando a situação ocorre, ela se deve aos atrasos no repasse do convênio por parte da Secretaria Municipal de Saúde.

Na Justiça

O Sindicato dos Médicos do Paraná informou que entrou com ação na Justiça do trabalho, na sema­­­na passada, contra o Hospital Evan­gélico e a SEB, para conseguir o pagamento de benefícios e dos salários atrasados. Mesmo com o pagamento dos salários, uma audiência entre as partes deve ser marcada para tratar das outras pendências.

O Fundo de Garantia por Tem­po de Serviço (FGTS) dos médicos dos CMUMs Sítio Cer­cado e Campo Comprido – contratados pelo hospital – não é depositado há pelo menos um ano, de acordo com a assessoria de imprensa do sindicato. A assessoria do hospital não confirmou a informação.

Usuários criticam atendimento

Diversos pacientes reclamaram do atendimento nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) do Sítio Cercado e Campo Comprido, unidades que têm convênio com o Hospital Evangélico. No CMUM do Sítio Cercado, o pedreiro Amauri de Jesus Trindade, 42 anos, por exemplo, disse ontem que a esposa chegou às 8h30, mas só conseguiu atendimento duas horas depois. A mulher acabou caindo em frente à unidade 24 horas por conta de uma crise de diabetes. Usuários da unidade dizem que a demora é um problema constante.

Novo sistema

A Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes) faz parte da administração pública indireta e foi criada para administrar o Hospital do Idoso Zilda Arns. A Feaes foi aprovada na Câmara Municipal em 2010 e atua com termos pactuados em contrato de gestão. O financiamento é feito com recursos públicos e ela é fiscalizada e acompanhada pelo Conselho Municipal de Saúde. Como os contratos são feitos de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, a reposição de profissionais que rescindirem contrato de trabalho é mais fácil.

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