Matéria da Gazeta do Povo
Ele conquistou o Prêmio Esso com uma foto tirada durante a invasão da Polícia Militar ao Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná em 1968, em meio à ditadura
A imprensa paranaense perdeu um de seus maiores fotógrafos. Após mais de 20 dias internado, faleceu no último domingo o fotógrafo Edson Jansen, conhecido por seus trabalhos nos jornais Tribuna do Paraná, O Estado do Paraná e Gazeta do Povo. Sua contribuição para o jornalismo jamais será esquecida, principalmente por ter conquistado um Prêmio Esso com uma foto tirada durante uma invasão da Polícia Militar ao Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1968, em meio à ditadura.
Edson tinha 69 anos e morreu de complicações decorrentes de uma queda sofrida no início deste mês. Ele começou na fotografia na adolescência, como recorda sua irmã Iara Regina Jansen. “Aos 14 anos ele começou a ajudar nosso pai, que também era fotógrafo, na revelação e, como uma brincadeira, começou a aprender a utilizar as câmeras e acabou se apaixonando pela fotografia”, diz ela. Além de trabalhar em diversos veículos da imprensa paranaense, pai e filho atuaram na comunicação do governo do estado.
Insistência
A curiosidade sempre foi uma de suas marcas registradas, o que lhe garantiu o Prêmio Esso. “Ele costumava correr na frente de todo mundo para ser o primeiro a tirar as fotos e foi o que aconteceu naquele dia. Na hora que estava trabalhando, não pensava em nada, não tinha medo de nada”, conta Iara. Mesmo tendo em mãos uma foto diferente da feita pelos demais colegas, mostrando um estudante enfrentando a cavalaria da polícia com um estilingue, ele não acreditava que aquele trabalho poderia lhe render um prêmio. “Tiveram de insistir para ele inscrever a foto”, revela a irmã. Por ser muito reservado e não gostar de festas, levou apenas o pai, a mãe e Iara, a caçula, à premiação. “Ele não era de falar muito, mas conseguimos perceber sua emoção naquele dia.”
Além de fotografar os fatos do dia a dia, Edson gostava de tirar fotos da natureza e, por isso, duas viagens ficaram marcadas em sua memória: um passeio de navio com os militares e uma excursão com os amigos pelo Rio Iguaçu. Recentemente, após se aposentar, gostava de pescar, fumar e ouvir música caipira.
O fotógrafo estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico desde 2 de agosto, com complicações de saúde em decorrência da queda que sofrera em casa. Faleceu com 69 anos e deixa a mãe, Araci Jansen, a esposa, Josefa Lucas Jansen, conhecida como Sonia, e a enteada Elisangela, além de duas irmãs e um irmão.

Nenhum comentário:
Postar um comentário