quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Neste dia do médico, um balanço das condições de trabalho e de vida desses profissionais

No dia 18 de outubro comemoramos o dia do médico. A data surgiu por ser o dia consagrado a São Lucas, o santo patrono dos médicos na Igreja Católica. Mas, para além das crenças religiosas, e da noção de “sacerdócio” na profissão, os médicos são profissionais que em sua maioria trabalham demais, em condições longe das ideais, sob forte pressão e sem a atenção devida às suas próprias necessidades.

Na saúde pública não é novidade que há dificuldades, que os hospitais são precários, que faltam leitos, faltam medicamentos, entre outros problemas. Mas a falta de médicos é sempre o mais grave, o mais noticiado, o mais sentido pela população. O pior é que nos casos de fatalidade, não é raro que a culpa recaia sobre o médico. É mais ou menos assim: está tudo precário, quase ninguém aceita mais trabalhar em determinado serviço e a culpa recai sobre o médico, muitas vezes o único que lá está tentando cumprir sua função da melhor maneira possível; quando os gestores públicos são os verdadeiros responsáveis.

Não bastassem as condições de trabalho precárias, a terceirização campeia na saúde pública, colocando a contratação de médicos em condições cada vez mais temerosas. Muitas vezes sequer há contrato. Em outras, os médicos são convidados a se tornarem sócios das “organizações sociais” para as quais prestam serviço. Não são raros os relatos de médicos que recebem diretamente em conta corrente sem quaisquer comprovantes ou nem chegam a receber e não sabem nem de quem ou para quem reclamar.

Nos planos de saúde, a situação não é diferente. As operadoras há anos não reajustam os honorários inviabilizando a manutenção de consultórios. Ignoram solenemente as normas emitidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar que obrigam a contratualização da prestação de serviços médicos sonegando direitos e prejudicando médicos e pacientes. Além disso, interferem no exercício da medicina glosando exames e procedimentos, interferindo no livre exercício da medicina.

Credibilidade em alta

Porém, a maioria dos brasileiros avalia o atendimento do último médico visitado como excelente ou muito bom (57%). Na rede pública de assistência, 50% dos pacientes consideraram o atendimento excelente ou muito bom. No grupo dos que consultam médicos credenciados a planos de saúde, 70% sustentam essa avaliação. Quando o atendimento é particular, o índice sobe para 73%.

Estes são os números indicados no relatório final de pesquisa realizada no Brasil pelo Ibope Inteligência entre agosto e setembro de 2011, em parceria com a Worldwide Independent Network Research (WIN).

Sobre a confiança, o médico está na terceira profissão com mais credibilidade no mundo (84%), atrás apenas dos bombeiros e carteiros – dados coletados de pesquisa realizada pelo instituto alemão GFK em 19 países. No Brasil, os médicos apontaram uma média ainda melhor: 87% dos brasileiros dizem confiar no seu médico. (Dados do CFM)

Os médicos não fogem à luta!

E dentro desse cenário é importante ressaltar que os médicos de todo o país nunca pararam de lutar. E não somente por melhores condições de trabalho e remuneração, mas principalmente por melhores condições de atendimento, tanto no SUS como através dos planos de saúde.

Através dos Sindicatos, Federações, Associações de Especialidades, Associações Médicas e Conselhos de Medicina, os médicos se organizam e defendem a saúde e a boa prática da medicina sem nunca renunciar aos princípios da ética médica e da dignidade humana, que devem nortear seu ofício.

Os médicos lutam por uma carreira de estado no SUS, similar a dos juízes e promotores, que fixe os profissionais no serviço público e leve mão de obra qualificada para os locais mais distantes do país, onde há freqüente dificuldade de contratação de médicos.

Os médicos também estão em campanha nacional por uma Lei de Iniciativa Popular que propõe o investimento de no mínimo 10% da receita corrente bruta da União na saúde pública. Estão sendo angariadas assinaturas em todo o país. Essa lei tem por objetivo superar o sub financiamento do SUS.

Os profissionais da medicina estão mobilizados também por melhores condições de trabalho e de remuneração junto aos planos de saúde. Estão suspendendo os atendimentos aos planos em diversos estados como forma de pressão por condições mais justas de trabalho e sem interferência no exercício da medicina.

Estes são só alguns exemplos da luta cotidiana dos médicos e médicas sempre em defesa da saúde e da medicina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário