quarta-feira, 12 de junho de 2013

"A quem vamos entregar a nossa saúde?," questiona presidente da FENAM sobre importação de médicos

O debate sobre a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil continua na Câmara dos Deputados. Entidades médicas, estudantes e parlamentares participaram nesta terça-feira (11) da segunda audiência pública sobre a possível contratação de médicos estrangeiros para atuar no Brasil sem a prestação do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, expedidos por universidades estrangeiras, o Revalida.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, afirma que, emergencialmente, a solução para a carência de médicos no interior do país seria a realização de concursos públicos. E que o Revalida é extremamente importante para a contratação de médicos do exterior no Brasil."A quem vamos entregar a nossa saúde? A médicos que não passam no exame? Para suprir a necessidade de profissionais no interior é preciso que o governo realize concursos públicos com salários decentes. Há muitos médicos vivendo de bicos, desempregados e em alguns estados há mais de dez anos o Governo não realiza este tipo de iniciativa", disse.

Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá, problema na saúde pública do país não é o número de médicos, mas a falta de políticas públicas de saúde. Para ele, as regiões no interior não atraem os profissionais porque não oferecem boas condições de trabalho. "É preciso investir nos médicos brasileiros para que eles trabalhem aqui, e não trazer profissionais de fora. Não faltam médicos no Brasil. Somos o quinto país no mundo em número de médicos. Estamos à frente de 189 países. Dezenove por cento dos médicos das Américas trabalham aqui". Aloísio concluiu questionando como os pacientes vão se comunicar com médicos falando outras línguas.

Fernando Erick do centro acadêmico da Universidade Católica de Brasília questiona quem vai fiscalizar possíveis erros dos médicos estrangeiros já que, segundo ele, a inscrição no Conselho Regional de Medicina, o CRM, para esses profissionais, não será fácil. "Não tem lógica trazer médicos sem o Revalida. É um retrocesso e um desrespeito a toda classe médica. Queria dizer aos médicos de fora que vai ser uma fria, uma roubada eles virem trabalhar no Brasil dessa forma. Não vai ser bom para ninguém", concluiu.

Estudantes de medicina também debateram o assunto. Eles defendem mais investimento na atenção primária e apostam em medidas de médio e longo prazo para solucionar o problema. Para muitos parlamentares o debate sobre o assunto vai enriquecer o projeto. O deputado Luiz Mandetta (DEM/MS) afirma que o que não leva os médicos brasileiros a trabalharem no interior, é a falta de gestão.

O debate continua nesta quarta-feira (12) em uma outra audiência sobre o assunto, desta vez com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Marcada para as 10 h, no plenário 1 da Câmara dos Deputados.



Fonte: FENAM

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