terça-feira, 12 de novembro de 2013

Doação de corpos para pesquisa é raridade no PR

Matéria do Jornal Gazeta do Povo

Você prefere ser operado por um cirurgião que aprendeu anatomia num boneco de plástico ou num corpo humano de verdade? A pergunta está no site da Sociedade Brasileira de Anatomia e pretende incentivar as pessoas a doarem seus corpos para ensino e pesquisa. A prática não é comum. O Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres do Paraná, vinculado à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), tem 45 instituições de ensino cadastradas, entre públicas e particulares, mas recebe em média dois cadáveres por ano.

A família de Luiz Darci Miglorini, ex-morador de Ponta Grossa, é uma exceção. Quando ele ainda estava vivo, mas muito doente, a filha Elaine Cristina conversou com as duas irmãs e a mãe para sugerir que o corpo do pai fosse doado a uma instituição de ensino. De pronto, elas aceitaram.

Quando Luiz morreu, em maio deste ano, superaram o luto e providenciaram a doação. “O processo demorou dois dias. O cartório pediu a assinatura das filhas, mesmo sendo necessária só a assinatura de duas testemunhas. Minha irmã teve que vir da Irlanda, onde estava morando, para assinar a autorização, mas deu certo”, comenta Elaine.

“Homenagem”

O corpo de Luiz foi doado ao setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Elaine é estudante de Medicina na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e reconhece a importância do uso de corpos humanos nas aulas de anatomia. Além disso, a família de Luiz acredita que o homenageou com a atitude. Ele era portador da Doença de Huntington – um distúrbio neurológico – e algumas vezes foi acompanhado por estudantes de medicina durante as consultas ao neurologista.

O corpo passa por um período de preparação antes de ser usado nas aulas. O professor Sérgio Luiz Rocha, chefe do Departamento de Anatomia da UFPR, explica que o cadáver fica num tanque de formol por seis meses para depois ser dissecado. Ele pode ser usado para pesquisas específicas ou para as atividades corriqueiras de ensino dos cursos da área de saúde, como Medicina e Odontologia. O uso do corpo de Luiz, por exemplo, ainda não está definido.

Durante o período em que está numa universidade, o cadáver continua recebendo os cuidados necessários para não se deteriorar, como o armazenamento em câmaras frias. Na Universidade Federal de São Paulo, por exemplo, há corpos em uso há mais de 30 anos. “Depende muito das condições de armazenagem”, diz o membro da Sociedade Brasileira de Anatomia, Marcelo Cavenaghi Pereira da Silva.

Com o início da deterioração do corpo, ele pode ser devolvido aos familiares para sepultamento ou cremação. “Mas em qualquer tempo, a família pode requerer o corpo”, lembra Rocha.

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