segunda-feira, 24 de março de 2014

FENAM constata salário vergonhoso pago aos servidores da saúde

Apenas R$ 157. Esse é valor pago pelo vencimento dos auxiliares de enfermagem do Estado do Rio de Janeiro. O salário foi denunciado nesta quinta-feira (20), durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na qual os membros da Federação Nacional dos Médicos (FENAM) prestaram solidariedade aos servidores da saúde do Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV). Na ocasião, o contracheque de um concursado do setor da radiologia do Hospital foi estampado em um banner, e chocou os participantes da audiência.
“O contracheque desses profissionais sangram e denunciam a irresponsabilidade que vem sendo gerida a saúde no Brasil. Isso é para massacrar o brasileiro para que não tenham voz. Nós estamos aqui para darmos as mãos e lutarmos para mudar essa realidade que não pode continuar”, afirmou o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira.
Esse fato não é restrito ou diferente para os profissionais da saúde com formação superior no Estado do Rio de Janeiro. A médica Maria Lúcia de Carvalho, concursada, que trabalha desde 1990 no HEGV, afirma que o último reajuste salarial da categoria foi em 1999, quando o vencimento passou a ser de R$ 1,5 mil. “Essa é uma situação totalmente absurda. Nós temos perdas salarias constantes e não há nenhuma perspectiva disso mudar. Eu sou estatutária, e hoje eu não ganho R$ 2 mil por mês para uma jornada de 24 horas. O meu vencimento é de R$ 1,5 mil, além disso, apenas uma complementação, não incorporada, de R$ 480,00. Esse é um salário ridículo”, desabafou a clínica geral.
A presidente da Associação dos servidores do hospital, Aisar Santana, que representou todas as categorias profissionais durante a audiência, defendeu a importância da implementação do plano de cargos e salários. Além disso, Aisar denunciou o convite por parte da Secretaria de Estado de Saúde para que os servidores da instituição trabalhem subordinados a uma Organização de Saúde (O.S.). “O nosso medo é se nós não aderirmos a esse convite, sermos tirados da unidade e transferidos para outra. Disseram que não nos tirariam, mas nenhum documento oficial nos foi entregue em relação a isso”, argumentou a trabalhadora.
Na assembleia, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed/RJ), Jorge Darze, disse que é um retrocesso a entrega das unidades de saúde da rede pública para a administração de empresas terceirizadas. “A saúde pública não pode ser administrada pelo setor privado. Essa situação é ilegal. Há um projeto em curso no Brasil para desmontar o serviço público e entregar o patrimônio. O movimento contra essa conduta deve ser ampliado para que possamos combater esse retrocesso”, pontuou.
A reunião fez parte da agenda de mobilização da FENAM em relação à greve dos médicos federais, que pleiteiam a volta do pagamento da gratificação por desempenho. Também participaram da audiência pública o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Vianna, o diretor de Formação Profissional e Residência Médica da FENAM, Antônio José, e o diretor de Finanças da FENAM, Mário Ferrari.
Segundo o presidente da comissão da Comissão do Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj, deputado estadual Paulo Ramos (PSol), que analisa o caso, a comissão realizará visitas aos hospitais da rede pública estadual. “Os servidores vieram até a comissão para pedir auxílio em sua luta para a aprovação de seu plano de cargos e salários, melhores condições de trabalho e a não transferência para outras unidades. Logo, a visita é necessária para presenciar o que ocorre dentro das unidades hospitalares”, afirmou o parlamentar.
O auxiliar de enfermagem do setor de Radiologia do Hospital Getúlio Vargas mostra aos membros da FENAM a cópia do seu contracheque

Nenhum comentário:

Postar um comentário