“O contracheque desses profissionais sangram e denunciam a irresponsabilidade que vem sendo gerida a saúde no Brasil. Isso é para massacrar o brasileiro para que não tenham voz. Nós estamos aqui para darmos as mãos e lutarmos para mudar essa realidade que não pode continuar”, afirmou o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira.
Esse fato não é restrito ou diferente para os profissionais da saúde com formação superior no Estado do Rio de Janeiro. A médica Maria Lúcia de Carvalho, concursada, que trabalha desde 1990 no HEGV, afirma que o último reajuste salarial da categoria foi em 1999, quando o vencimento passou a ser de R$ 1,5 mil. “Essa é uma situação totalmente absurda. Nós temos perdas salarias constantes e não há nenhuma perspectiva disso mudar. Eu sou estatutária, e hoje eu não ganho R$ 2 mil por mês para uma jornada de 24 horas. O meu vencimento é de R$ 1,5 mil, além disso, apenas uma complementação, não incorporada, de R$ 480,00. Esse é um salário ridículo”, desabafou a clínica geral.
A presidente da Associação dos servidores do hospital, Aisar Santana, que representou todas as categorias profissionais durante a audiência, defendeu a importância da implementação do plano de cargos e salários. Além disso, Aisar denunciou o convite por parte da Secretaria de Estado de Saúde para que os servidores da instituição trabalhem subordinados a uma Organização de Saúde (O.S.). “O nosso medo é se nós não aderirmos a esse convite, sermos tirados da unidade e transferidos para outra. Disseram que não nos tirariam, mas nenhum documento oficial nos foi entregue em relação a isso”, argumentou a trabalhadora.
Na assembleia, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed/RJ), Jorge Darze, disse que é um retrocesso a entrega das unidades de saúde da rede pública para a administração de empresas terceirizadas. “A saúde pública não pode ser administrada pelo setor privado. Essa situação é ilegal. Há um projeto em curso no Brasil para desmontar o serviço público e entregar o patrimônio. O movimento contra essa conduta deve ser ampliado para que possamos combater esse retrocesso”, pontuou.
A reunião fez parte da agenda de mobilização da FENAM em relação à greve dos médicos federais, que pleiteiam a volta do pagamento da gratificação por desempenho. Também participaram da audiência pública o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Vianna, o diretor de Formação Profissional e Residência Médica da FENAM, Antônio José, e o diretor de Finanças da FENAM, Mário Ferrari.
Segundo o presidente da comissão da Comissão do Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj, deputado estadual Paulo Ramos (PSol), que analisa o caso, a comissão realizará visitas aos hospitais da rede pública estadual. “Os servidores vieram até a comissão para pedir auxílio em sua luta para a aprovação de seu plano de cargos e salários, melhores condições de trabalho e a não transferência para outras unidades. Logo, a visita é necessária para presenciar o que ocorre dentro das unidades hospitalares”, afirmou o parlamentar.
O auxiliar de enfermagem do setor de Radiologia do Hospital Getúlio Vargas mostra aos membros da FENAM a cópia do seu contracheque
Nenhum comentário:
Postar um comentário