quarta-feira, 25 de junho de 2014

RS: câmeras mostram superlotação e Conceição restringe atendimento

Emergência do Hospital Conceição, em Porto Alegre.Foto: Reprodução
Flagrante de superlotação feito por câmeras da Presidência da República instaladas dentro da emergência do Hospital Conceição, em Porto Alegre, fez a direção do GHC restringir o atendimento das urgências em ginecologia. A medida, adotada desde a semana passada, buscou diminuir o fluxo de pacientes  com diversas complicações (não só ginecológicas) que ficam em corredores e até em escadas, no acesso aos andares, à espera de vagas para internação. A superlotação está ligada à redução histórica de leitos de internação do SUS em Porto Alegre e no Estado.

O Sindicato Médico do RS (SIMERS) lamentou a decisão, que impõe que mulheres da zona norte, que sempre buscaram o hospital, tenham de recorrer à assistência na área central da Capital, no Hospital Fêmina (também do GHC). Apenas casos mais graves são atendidos no Conceição. Na terça-feira (17), cartaz na porta de entrada do hospital na zona norte avisava que não teria “mais atendimento de emergência ginecológica”.  No dia seguinte, o aviso foi removido.  O impacto para desafogar o setor está nos números - no dia 17 havia 103 pessoas aguardando leitos, número que caiu para menos de 80 desde sexta (20). A emergência tem capacidade para 49 leitos. A superlotação é efeito da redução de leitos hospitalares no SUS nos últimos 20 anos, que ultrapassa 30% no Estado.

O Sindicato disse que o governo teme a repercussão negativa da superlotação durante a Copa do Mundo. Assessores da Casa Civil, em Brasília, detectaram as cenas lamentáveis e repassaram à direção. Para a entidade médica, o monitoramento por vídeo é positivo, pois permite acompanhar em tempo real as condições de atendimento. As câmeras devem ter flagrado a cena de um dos pacientes que estava num dos corredores, sofreu para cardiorrespiratória e teve de ser arrastado por médicos até a sala onde recebeu o atendimento necessário, pois não havia como removê-lo com maca por falta de espaço. 

“A assessoria da presidente acompanha de Brasília, por câmeras colocadas dentro de 12 hospitais no País, um deles o Conceição, como está a saúde pública. Em vez de agir e melhorar os cuidados, o governo elimina o problema impedindo que pacientes sejam atendidas em um hospital mais perto de suas casas”, criticou a vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil. A vice-presidente destaca que os gestores do GHC promovem a diminuição da capacidade do serviço em ginecologia desde os anos 2000. Nesse período, o volume de casos era de 120 ao dia.

O SIMERS apurou que o atendimento na emergência ginecológica do Conceição despencou de 60 para 20 casos por dia. Alguns dias a média cai para abaixo desse patamar. Situações como sangramento, agravamento de tumores e mesmo complicações pós-operatório são recebidas, mas a população que ouviu sobre a restrição acaba se dirigindo ao Fêmina.

O hospital especializado em gineco-obstetrícia registrava até o fim de semana passado o dobro da demanda. Profissionais do serviço definem como de “caos” e “tensão” devido à sobrecarga e demora que aumenta para quem busca atendimento. Não houve ampliação das equipes nos plantões e há maior ocupação de leitos pela transferência de pacientes do próprio Conceição, tanto para leitos normais como para UTI.

Fonte: SIMERS 

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