sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CNTU rumo a um Coletivo de Jovens Profissionais

Um encontro sobre a proposta foi feito em São Paulo com representantes das federações e já resultou em um grupo de trabalho encarregado das primeiras ações voltadas a aproximar juventude e sindicalismo 

                                           Foto: CNTU 


Um diálogo inter-geracional para tratar da relação entre jovens profissionais e o sindicalismo foi realizado pela CNTU, em um encontro no dia 23 de agosto, e ajudou a apontar algumas dificuldades de lado a lado dos interlocutores. Os jovens de hoje não sabem como a ação sindical afeta sua vida ou é o mundo sindical que não sabe das dificuldades que os jovens enfrentam para se inserir no mundo profissional?

As duas constatações são verdadeiras e apareceram no encontro que reuniu representantes das várias entidades reunidas na CNTU, como relata a consultora sindical Marta Rezende e uma das organizadoras desse primeiro diálogo entre interlocutores dos 19 aos 60 anos. "Ha bastante confusão entre o papel sindical e entidades profissionais, como os conselhos e associações, e às vezes o jovem pensa que está representado nas negociações e não está, porque esta é uma tarefa específica e exclusiva dos sindicatos.", explica ela. Ao mesmo tempo, será que os sindicatos estão perto dos profissionais quando ainda estão se formando e buscando compreender e lidar com seu mercado de trabalho?

As experiências relatadas por militantes que lidam com o sindicalismo para a juventude ajudaram os participantes a refletir sobre qual seria o papel da CNTU na interação com esse universo de pessoas que chegam para renovar a profissão e as suas representações.  Tereza Newman, do Ceará, explicou como o Sindicato dos Engenheiros do Estado (Senge-CE) confia aos próprios jovens recém-formados o diálogo com os formandos. Com apoio da sindicalista, eles formaram um grupo chamado Sindicato Júnior, que vai às escolas de engenharia debater o papel sindical e desde já estimular a organização.

Marta Rezende observou que os sindicatos têm abordagens diferentes na relação com jovens e que devem subsidiar as propostas para a CNTU. Alguns dão nome à esse público de sócio-estudante, como no Seesp, ou associado aspirante, na Bahia. Outros acolhem os estudantes como pré-sindicalizados. São diferentes formas de criar empatia entre os futuros profissionais e sua entidade de classe.

Participantes do encontro também foram unânimes em reconhecer que a maioria dos sindicalistas sabe muito pouco dos jovens que chegam ao mercado. que tipo de emprego encontram, com que salários, qual a rotatividade e as dificuldades que enfrentam. E isto só será resolvido com muita atenção a esses profissionais.


Empreendedorismo, o que tem a ver?

Há características das novas gerações que o movimento sindical deve buscar compreender, de acordo com participantes do encontro A cultura empreendedora que atrai os jovens exige igualmente motivação e engajamento. Tema de atuação do economista Paulo Roberto Santos, o empreendedorismo não está apenas na abertura de um negócio, mas na atitude e iniciativa para resolver problemas e persistência em objetivos e projetos, entre outras características.   Militante do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Paulo Roberto relatou experiências de formação em empreendedorismo jovem em regiões como o Norte de Minas Gerais, que requer muita persistência da população para conquistas melhorias nas condições de vida.

Um exemplo dessa perseverança em mudar as coisas foi apontado pelo economista no relato do farmacêutico Gustavo Lemos Guerra, participante do encontro. Ele falou das dificuldades ao vir a São Paulo em busca do primeiro emprego. Contratado por uma rede de farmácias, logo enfrentou problemas trabalhistas e foi em busca de ajuda. A primeira vez que recorreu ao Sindicato, não têve sucesso, mas ele insistiu em cobrar a entidade. A  dirigente Gilda Almeida (hoje vice-presidente da CNTU), ao tomar conhecimento do caso,  procurou encaminhá-lo. A partir dessa aproximação com a entidade, Gustavo tornou-se, ele próprio. ativo militante sindical. 

Várias experiências  reunidas no encontro da CNTU demonstram uma  associação muito forte entre a determinação jovem em superar dificuldades e a militância por direitos no mundo do trabalho.  Antes de se tornar diretora de Finanças no Sindicato de Nutrição em Pernambuco, Angelica de Kassia Barbosa Flôr estudou no interior do Ceará e se mudou para Recife, para trabalhar, e ali se engajou no sindicalismo. Seu colega de profissão, Rafael Azeredo, fez outro caminho. Foi do Rio de Janeiro, onde já era ativista do movimento estudantil, para trabalhar na universidade de Alagoas. Lá, ajudou a reconstruir o sindicato, que hoje dirige, mantendo um trabalho com os centros acadêmicos.  Carlos Andŕé, do Sindicato do Maranhão, tem uma história familiar de luta contra a pobreza, conduzida pela mãe que fabricava doces e militava no movimento social é da própria militância em movimentos ligados à igreja católica.  Carlos André e a universitária Marcellie Dessimoni, passaram a integrar o Conselho Consultivo da CNTU, empossados no último dia 22.


Os primeiros compromissos

Para os participantes do encontro, o ideal é que, em futuro próximo, a CNTU constitua com suas federações e sindicatos um Coletivo de Jovens Profissionais Universitários, e sua construção deve começar com a constituição de um Grupo de Trabalho, encarregado de tarefas bem específicas.

Uma das ações a ajudar o movimento sindical ligado à CNTU a conhecer a dimensão sócio-econômica da participação do profissional jovem na sociedade é a realização de uma pesquisa, com base em dados do Pnad e outras fontes, para focalizar as características desse universo. A ṕartir dessa pesquisa sócio-econômica, será possível propor outra investigação, mais qualitativa, subsidiando o movimento.

A outra é voltada ao conhecimento dos jovens sobre o movimento sindical. O GT vai produzir uma publicação voltada a esse público, para esclarecer duvidas sobre o papel sindical, explicar a história e estrutura do sindicalismo, e motivar a participação em um movimento que é o único com papel político  capaz de influenciar e defender seus direitos, salário e condições de trabalho.

De acordo com a odontologista Aldenízia Albuquerque, a CNTU deve contribuir para fortalecer o movimento sindical nas universidades para desconstruir a imagem negativa do sindicalismo formado nos últimos tempos, alem de aproximar os jovens estudantes do movimento sindical antes de concluírem os cursos.

Para facilitar o diálogo e a ampliação dos debates em torno de propostas, o GT está iniciando um grupo virtual de discussão, a partir dos participantes do encontro. Nesse processo de integração dos jovens profissionais, a CNTU pretende também  priorizar a entrada de novos integrantes em seu Conselho Consultivo e apoiar o GT na proposta organizar, possivelmente em finais de 2015, de um grande encontro para debater a preocupação da juventude com a profissão, a cultura e a política.

Na foto do encontro, da esquerda para a direita, João Paulo Dutra, vice-presidente do  Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) e conselheiro consultivo da CNTU; Ernane Silveira Rosa,  presIdente do  Sindicato dos Nutricionistas do Estado de Sâo Paulo (Sinesp) e  Federação Interestadual dos Nutricionistas ( Febran); Gustavo Lima Guerra, farmacêutico , representate do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sinfar-SP) e da  Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), Allen Habert -  diretor do Seesp e diretor de articulação nacional da CNTU; Marcellie Dessimoni, estudante de engenharia ambiental e conselheira consultiva da CNTU;  Angélica Flôr, diretora do  Sindicato dos Nutricionistas de Pernambuco (Sinepe) e conselheira consultiva da CNTU; Marta Rezende, economista e consultora da CNTU; Rafael Azeredo, presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de Alagoas (Sindnut-Al) e diretor da Febran; Rosemarly Candil, presidente do Sindicato dos Nutricionistas no Estado do Mato Grosso Sul (Sindnutri_MS) e diretora da Febran; Walter Moraes Souza, presidente do  Sindicato dos Nutrcionistas no Estado da Bahia (Sindnut-BA ) e diretor da Febran; Carlos André Alves, nutricionista integrante de grupo de articulação para criar sindicato dos nutricionistas do Maranhão; Cristina Palmiéri,  engenheira, diretora executiva e coordenadora do comitê de sustentatbilidade da União Geral dos Trabalhadores ( UGT) e conselheira consultiva da CNTU. Da esquerda para a direita: Darlene Roberta Ramos da Silva,  presidente do Sindicato dos Nutrcionistas do  Pará (Sindnut-PA) e vice-presidente da Fenam; Thereza Neumann de Freitas, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Ceará (Senge-CE) e diretora da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).


Fonte: CNTU 

Nenhum comentário:

Postar um comentário