quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Médicos de Ivaiporã se descredenciam de planos de saúde

Via Portal Paraná On Line / O Estado do Paraná

Os cerca de 40 médicos de Ivaiporã, no Norte do Paraná, anunciaram na manhã desta quarta-feira (23) que não vão mais atender pacientes por planos de saúde. Eles já protocolaram o pedido aos cerca de 20 planos de saúde do município e daqui dois meses os atendimentos devem ser interrompidos. O motivo é a baixa remuneração dos honorários médicos.

De acordo com a Associação Médica do Paraná (AMP), os profissionais recebem hoje uma média de R$ 42 por consulta, mas o valor mais justo, segundo a AMP, seria pelo menos R$ 90. O presidente da AMP, José Fernando Macedo, explica que os planos de saúde não repassam aos médicos os valores dos reajustes cobrados dos usuários há pelo menos dez anos.

“A situação se tornou insustentável”, afirma Macedo. Segundo ele, os médicos negociam com os planos há cerca de um ano, mas até agora não houve acordo. “Um dos planos chegou a fazer uma proposta ridícula para nós, médicos, passarmos a pedir menos exames aos pacientes. Isso é antiético. Não somos culpados pelo que está acontecendo, mas sim as operadoras”, comentou. Ele não revelou qual foi essa operadora de saúde.

Atendimento

Arail Rother Júnior, da AMP em Ivaiporã, contou que há um ano alguns médicos da cidade já não atendem mais operadoras de saúde. “Não somos os culpados por tudo isso. Esperamos que a população entenda nossa posição”, diz. A regional de saúde de Ivaiporã atende cerca de R$ 270 mil pessoas. “Mas ninguém vai ficar sem atendimento”, garante ele.

A AMP esclarece que os pacientes devem continuar indo às consultas médicas, mas precisam pedir o reembolso às operadoras. Porém, o paciente só vai receber o que o médico receberia. O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) apoia a atitude dos médicos e informa que a má remuneração tem impactado na qualidade dos atendimentos, já que os médicos passam a atender mais consultas por dia e, consequentemente, o tempo com o paciente diminui.

Macedo afirma, ainda, que a situação deve se estender para outras cidades, mas ainda não há previsão de quando isso irá ocorrer. Em Londrina, por exemplo, médicos pediatras já não atendem mais por plano de saúde, também em função da baixa remuneração. Em Curitiba, segundo Macedo, mais da metade dos pediatras tomaram a mesma atitude. O advogado da AMP, Fabiano Araújo, explica que a atitude é perfeitamente legal, pois o descredenciamento do médico dos planos é previsto em contrato.

Um cálculo feito pela AMP chegou à conclusão de que os médicos acabam ficando com apenas R$ 5,33 das consultas, uma vez que precisam pagar as despesas do consultório. No dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde) médicos de todo o País não vão atender por planos. A atitude também servirá de protesto contra a baixa remuneração.

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