quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pará: Médicos usam caixão para simbolizar negociações com planos de saúde


No Pará, médicos fizeram enterro simbólico e deram cartão vermelho para os planos de saúde

Em todo o país, médicos conveniados a planos de saúde paralisaram, nesta quarta-feira, 21, o atendimento aos usuários para reivindicar reajustes nos honorários e melhorias nas condições de trabalho da categoria. Em Belém, o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), o Conselho Regional de Medicina (CRM/PA) e a Sociedade Médico Cirúrgica (SMCP) levaram um caixão para frente da sede do CRM, onde foi feito um enterro simbólico da saúde suplementar, representando a situação dos médicos no Brasil. Eles também usaram faixas pretas em forma de luto, velas e um cartão vermelho, seguindo o mote da campanha nacional, que era "Vamos dar cartão vermelho aos planos de saúde".

"Em todos os estados, estão fazendo manifestações como caminhadas. Nós resolvemos fazer um enterro simbólico para representar bem a nossa situação no Pará", disse o diretor do Sindmepa, João Gouveia.

Segundo ele, com o protesto os médicos estão reivindicando aumento nos honorários pagos pelos planos de saúde. Atualmente, por exemplo, cada consulta custa cerca de R$ 45, sendo que no atendimento particular essa mesma consulta ficaria em torno de R$ 150. Os médicos querem que o valor seja elevado para R$ 80.

"Nos últimos 10 anos, os planos de saúde aumentaram os valores das mensalidades para os usuários em mais de 150 porcento, acima de qualquer inflação. Porém, desse reajuste não foram repassados nem 50 porcento para nós. Com os gastos do consultório, esses R$ 45 se transformam em R$ 5", reclamou Gouveia.

A categoria também quer formalizar os contratos entre os médicos e os planos de saúde. Segundo o Sindmepa, a relação contratual dos planos é composta apenas por direitos, deixando as empresas livres de deveres.

"Queremos que não apenas os médicos tenham direitos e deveres, mas que os planos de saúde também possam ser incluídos nisso", explicou João Gouveia.

Os médicos também pedem mais autonomia nas decisões em relação aos pecientes. De acordo com o diretor do Sindmepa, quando os planos de saúde negam cirurgias e atendimentos, acabam prejudicando os pacientes. "Quando há essa rejeição de cirurgia, por exemplo, quem sai como vilão da história é o médico. Então, é preciso que os médicos tenham mais autonomia", observou o dirigente.

Mesmo com a paralisação, os setores de urgência e emergência dos hospitais funcionaram normalmente. Apesar do protesto, as empresas de planos de saúde não deram seu posicionamento em relação às reivindicações. "Vamos continuar com o movimento e, para isso, contamos com a colaboração das sociedades e cooperativas de especialidades. A categoria médica deve continuar reagindo", finalizou Gouveia.

Já o conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), Antônio Pinheiro, disse acreditar que, pela primeira vez na história, "os médicos brasileiros estão incomodando o sistema". Ele orientou os colegas a prosseguirem na mobilização. "Espero que cada um aqui presente possa transmitir ao seu colega de trabalho esse incômodo que hoje estamos fazendo as empresas sentirem, o que é uma prova da força do movimento", avaliou.

Já o presidente da Sociedade Paraense de Pediatria, Kleber Ponzi, comemorou o alcance do movimento. "Embora muitos colegas não estejam aqui, sabemos que estão paralisados. Por isso, acho que o movimento é vitorioso. A sociedade precisa saber dos abusos cometidos. Um médico ganhar R$ 15 por um teste ergométrico realizado em um paciente é um absurdo", citou.

Fonte : FENAM

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