quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MPT defende que há ilegalidades na contratação dos profissionais do Mais Médicos

O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sebastião Caixeta, após ouvir depoimento da médica cubana Ramona Rodriguez, reiterou que há ilegalidades na contratação dos profissionais do Programa Mais Médicos, independentemente da nacionalidade deles. Ramona, que abandonou o programa, apresentou ao procurador o contrato de trabalho assinado entre ela e o governo cubano.
Chamaram a atenção do procurador que apura denuncia da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), cláusulas do contrato que exigem que os cubanos do programa não se relacionem afetivamente com pessoas de outras nacionalidades e que exigem dos cubanos confidencialidade sobre a atuação no programa. Durante o depoimento, que durou cerca de uma hora, Ramona também disse que há um assessor cubano na capital paraense, estado onde trabalhava, a quem os profissionais da ilha deveriam pedir autorização para sair do município.
O contrato também especifica os valores a serem recebidos pelos cubanos. U$ 400  seriam convertidos e pagos mensalmente aos médicos, e U$ 600 seriam depositados em uma conta em Cuba.  Destes U$ 600, a família teria acesso mensalmente a U$ 50, e o restante só poderia ser recebido ao fim do programa.
Segundo o procurador, mesmo após solicitação de uma cópia do contrato feito entre Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), órgão intermediador do contrato entre Brasil e Cuba,o Ministério da Saúde alegou não ter acesso ao contrato e a Opas também não atendeu ao pedido alegando imunidade de jurisdição.
O inquérito, que foi aberto em agosto de 2013,  investiga as relações entre todos os médicos do programa, independentemente da nacionalidade, e o governo federal. Mas, para o procurador este programa  "está sendo implementado de maneira a sacrificar outros valores constitucionais.Todo contrato está estruturado no sentido de afastar uma relação trabalhista, agora, na prática, essa relação de emprego existe", afirmou.
De acordo com Caixeta, o MPT vai pedir, ao fim do inquérito, a isonomia entre os profissionais cubanos e médicos de outras nacionalidades, assim como a regularização da relação existente entre todos os profissionais e o governo brasileiro.  Nesta quarta-feira (13), pela manhã, o procurador informará, durante audiência, o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira, sobre o andamento da investigação do caso. 

Fonte: FENAM e Agência Brasil 

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