quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Em Minas Gerais pediatras paralisam na próxima segunda-feira (1/12) por melhores condições de trabalho


Foto: Divulgação 

Os pediatras do Hospital Infantil João Paulo II (antigo CGP) farão uma paralisação de 24 horas (das 7h de segunda, dia 1/dez, às 7h de terça-feira, dia 2). Só serão mantidos os atendimentos de urgência e emergência. A decisão foi tomada em assembleia geral extraordinária (AGE), dia 24 de novembro, no Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG). O objetivo da paralisação é sensibilizar os gestores e a comunidade para a situação de caos que vive o maior hospital infantil do Estado.
 
Segundo os médicos, para pleno atendimento da demanda que historicamente recorre ao hospital seriam necessários, no mínimo, SETE pediatras. Atualmente, em muitos dias João Paulo II funciona com apenas UM médico de plantão. Entre os motivos, estão principalmente o grande número de demissões por falta de condições de trabalho, má remuneração, sobrecarga de atendimentos; e aposentadorias. Situação que se agrava a cada dia com a falta de reposições por concursos públicos.
 
Os médicos informam também, que além da paralisação por 24 horas, como forma de denúncia, nos demais dias em que a escala estiver incompleta, com menos de três médicos, serão priorizados os atendimentos a urgências graves, com risco de morte ou de sequelas irreversíveis, de forma que a população deverá procurar atendimento prioritariamente nas UPAS de seus municípios.
 
Além da falta de pediatras no Hospital, os médicos denunciam que as Prefeituras das cidades da Região Metropolitana, incluindo BH, também não têm criado condições para manter o atendimento a urgências pediátricas. Ao invés de combater o problema, essas prefeituras, principalmente Contagem, Santa Luzia, Sabará, Vespasiano, entre outras, vêm orientando os pacientes a procurarem diretamente o Hospital João Paulo II, sem mesmo saber se o hospital tem condições para receber essa demanda extra.
 
Os médicos temem que a situação se torne ainda mais insustentável em dezembro e janeiro com o aumento dos casos de dengue e ckikungunya, e a partir de março com o pico das doenças respiratórias.
 
Reivindicações envolvem condições de trabalho
 
A principal queixa são as escalas incompletas, principalmente nos plantões de final de semana, que sobrecarregam os médicos presentes e colocam em risco o trabalho do profissional e a população. Para isso pedem contratação, em regime de urgência, de médicos para reposição das escalas.
 
Lutam, ainda, por condições de trabalho, o que inclui melhoria das instalações físicas visando salubridade e segurança no trabalho, como: portaria diferenciada para entrada e saída de funcionários; saída de segurança para os profissionais em caso de violência; refrigeração adequada nas dependências do Pronto-Atendimento e, principalmente, nos consultórios; aumento do número e manutenção técnica das impressoras dos consultórios, troca dos computadores obsoletos.
 
Os pediatras pedem, ainda, valor diferenciado para os plantões de final de semana e equiparação do abono de urgência aos médicos do Hospital João XXIII, uma vez que o João Paulo II também realiza atendimentos de alta complexidade.
 
A categoria acha fundamental a recolocação do HIJPII na rede de urgência pediátrica do Município e do Estado, de forma a melhor atender ao perfil de necessidades de saúde da população.
 
Reposicionamento do hospital é uma das propostas
 
Em documento entregue à Fhemig, foi proposto o encerramento do atendimento a livre demanda (Pronto-Atendimento de “porta aberta”), transferindo-o às Unidades de Pronto Atendimento Municipais e mantendo equipe de urgência e emergência funcionando como referência da rede para atendimentos e internações de pacientes graves, semicríticos, com patologias complexas que requeiram avaliação especializada, pacientes clínicos transferidos diretamente pelo SAMU, bem como para atendimento direto aos pacientes para os quais o hospital já é referência para o atendimento: Doenças Infecto-Parasitárias, Anemia Falciforme, Mucopolissacaridose, Fibrose Cística, pacientes em Ventilação Mecânica Domiciliar, dentre outros a serem pactuados.
 
Para o diretor do Sinmed-MG, Cristiano Túlio Maciel, que está acompanhando o movimento e também trabalha no HIJPII, a crise do hospital reflete um problema maior que é o atendimento em urgência pediátrica. “O HIJPII vem sendo colocado pela sociedade, imprensa e Ministério Público como único responsável pela situação caótica do atendimento de urgência no município de BH e região metropolitana, enquanto essa assistência é de responsabilidade dos municípios. O Corpo Clínico entende que a recolocação do papel do HIJPII na rede de urgência precisa de negociações e prazos para ser efetivada, mas precisa ser feita”.
 
Uma próxima assembleia foi marcada para 4 de dezembro, às 19 horas, para decidir os rumos do movimento. Caso as reivindicações não sejam atendidas, poderá haver novas paralisações.

Fonte: Sinmed-MG - 27/11/2014

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