quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Hospital da rede pública do Rio faz transplante de dedo


A rede pública de saúde do Rio de Janeiro já tem condições de fazer cirurgias de transplante de partes do corpo de pacientes que passaram por reimplante, por terem sofrido amputações. O auxiliar de depósito Carlos Henrique Pacheco, de 33 anos, foi o primeiro a ter um dos dedos do pé transplantado para a mão. Há três anos ele sofreu um acidente de moto e teve o polegar esquerdo amputado. Ele disse que nunca ouviu falar na possibilidade de tirar um dedo do pé e reimplantar na mão. Depois de analisar o assunto e receber informações dos médicos se decidiu pela operação.

A cirurgia foi feita no sábado (17), no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o único no estado especializado neste tipo de procedimento. É lá que são feitas as cirurgias do programa SOS Reimplante, criado em 2009 pela Secretaria de Estado de Saúde e que soma 523 procedimentos. Desses, 160 foram reimplantes e os demais trataram sequelas ou mutilações graves de estruturas de mãos, pernas e pés.

O coordenador do programa, o microcirurgião João Recalde, disse à Agência Brasil que a expectativa é poder realizar de 15 a 20 procedimentos semelhantes até o fim do ano, e com o desenvolvimento do programa poder realizar as cirurgias em pacientes com menos tempo de amputação. “Acreditamos que quando se faz um tratamento desses em um paciente que foi mutilado há semanas, ou dois ou três meses, a qualidade da recuperação é muito melhor. Queremos dar oportunidade aos pacientes em período mais precoce possível. Logo após o acidente”, esclareceu.

De acordo com ele, por questões técnicas, pacientes que sofreram amputações não podiam passar até agora pelo reimplante. Além disso, havia a dificuldade maior em realizar o transplante, como foi o caso de Carlos Henrique. “Os pacientes que sofriam amputação e não eram reimplantados, continuavam mutilados. O que resolvemos agora é recuperar os pacientes, trazê-los de volta ao hospital e propor a eles a nova modalidade de tratamento, que é o transplante de dedo”, indicou. Ele acrescentou que a técnica pode ser usada também para o transplante de mais de um dedo.

Segundo o coordenador, esses pacientes se afastavam das atividades profissionais. “São pacientes que ficaram com sequela e com dificuldade de retorno às suas atividades de trabalho. Portanto, são candidatos a cirurgia deste porte, que permitirá a eles retornar ao seu ambiente profissional sem problemas”, analisou.

O médico contou que a técnica já existe há 40 anos, mas, no Brasil, o preconceito do próprio paciente em usar parte do corpo para fazer reparação em outra representou muita barreira para que ela fosse aplicada no país.

“Eles não têm ideia dos benefícios, e pensam sempre pelo lado negativo. O lado da mutilação do pé. O fato de que possam ter dificuldade de andar, jogar bola depois de uma cirurgia dessa. O que estamos procurando mostrar com este trabalho é que nada disso ocorre. A cirurgia é bem elaborada, estudada e feita para evitar qualquer tipo de sequela na retirada do dedo. Em contrapartida tem a retomada da função da mão, que perde até 40% sem o polegar”, explicou, completando que este é o dedo mais importante nos movimentos da mão, e é o mais mutilado em acidentes, principalmente em pessoas que ainda têm um tempo grande de trabalho pela frente.

Fonte: Agência Brasil

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