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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Câmara Municipal - Com cirurgias “sobrando”, burocracia emperra atendimentos

                         Comissão de Saúde conversa com médicos do Hospital Santa Madalena Sofia, no Bairro Alto. (Foto: Chico Camargo/CMC)

“Quando o Poder Público não agiliza a utilização dos leitos e cirurgias já disponíveis no sistema municipal de Saúde, quem sofre é a população. Vamos intervir na questão, requisitando mais eficiência da Prefeitura de Curitiba nos procedimentos”, afirmou, na sexta-feira (21), a vereadora Noemia Rocha (PMDB), presidente da Comissão de Saúde. Ela, Valdemir Soares (PRB) e Chicarelli (PSDC) visitaram hoje o Hospital Santa Madalena Sofia, no Bairro Alto, que tem profissionais e estrutura para ampliar o atendimento do SUS, “mas esbarra na burocracia”.

O Hospital possui atualmente 54 leitos - 36 clínicos e 18 para cirurgias - e realiza mais de 5 mil atendimentos ambulatoriais por mês. “Praticamente todo o nosso trabalho é com pacientes do SUS. Pelo Sistema Único de Saúde, fazemos 500 cirurgias por mês em otorrinolaringologia (nariz e garganta), ortopedia (joelho), vascular e geral”, enumerou Reginaldo de Souza, gerente de projetos da instituição de saúde.

“Nós temos médicos para ampliar os atendimentos, e já comunicamos isso aos órgãos públicos, mas essa vagas estão demorando para aparecer no sistema. Da nossa parte, já podíamos receber a população, só que as internações no hospital só ocorrem via SUS, pela central de leitos ou pela central de consultas”, reforça Alessandra Campelo Diniz Picolo, diretora-geral do Hospital Santa Madalena Sofia. Ela também reclamou da burocracia para liberar equipamentos e repasses da União mediados pela administração municipal.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Burocracia atrasa liberação de remédios à base de maconha, dizem cientistas




                   Para cientista, uso no Brasil esbarra em falta de regulamentação e de conhecimento de órgãos de classeDivulgação/Anvisa






























Deixar de fornecer remédios à base de substâncias derivadas da maconha é uma crueldade contra pacientes que têm doenças crônicas. A opinião é do neurocientista Sidarta Ribeiro, um dos mais importantes pesquisadores da área, professor e diretor titular do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo ele, a maconha é utilizada em vários países para alívio da dor e do sofrimento, mas no Brasil, o uso esbarra em falta de regulamentação e de conhecimento de órgãos de classe, que dificultam o tratamento.

“Qual a justificativa para um paciente com câncer terminal, que está morrendo de dor, não ser medicado? [Ao não aceitar o uso de remédios da planta] a medicina brasileira vai ficando para trás”, afirmou Ribeiro, na última quinta-feira (2), no Seminário Internacional Maconha: Usos, Políticas e Interfaces com a Saúde e Direitos, organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj). O evento reuniu médicos, especialistas, juristas e associações de apoio à pesquisa e a pacientes que fazem uso da maconha.

Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só permite a importação de uma única substância da maconha das mais de 80, o canabidiol, com base nos pedidos médicos. Dessa forma, restringe o uso da própria substância por não fazer controle de qualidade e por não regular a produção nacional, que poderia baixar custos. Segundo a organização Apoio à Pesquisa e Pacientes de Canabis Medicinal, as doses importadas chegam a custar entre R$ 1,5 mil e R$ 15 mil.

“O medicamento que estamos importando é vendido fora do Brasil como suplemento alimentar, ou seja, não tem controle farmacológico nacional sobre ele e não sabemos efetivamente o que estamos utilizando, temos que nos basear na boa fé”, relatou o médico Ricardo Ferreira, especialista em coluna, que tem feito uso do canabidiol com sucesso, em pacientes crônicos. Ele defende que a Anvisa crie regras para controle da produção e também para os clubes de autocultivo.

Na medicina, outra mudança recomendada pelos especialistas para facilitar o acesso a tratamentos com medicamentos à base de substâncias da maconha é a flexibilização de norma do Conselho Federal de Medicina (CFM), de 2014, que só permite o uso do canabidiol em crianças e adolescentes com epilepsia e que não respondem ao tratamento convencional.

“Não há comprovação científica suficiente para que o CFM reconheça esse fármaco como eficiente”, alegou o conselheiro da entidade, Salomão Rodrigues. Ele diz ainda que há possibilidade de substâncias presentes na maconha, como o THC, provocarem efeitos psicóticos.

Sidarta Ribeiro discorda do CFM e diz que centenas de estudo atestam a utilização segura de remédios de maconha na Europa, nos Estados Unidos e em Israel. O país do Oriente Médio, por exemplo, prescreve substâncias in natura na forma de óleo, fumada, vaporizada e em alimentos, como biscoito. “As pessoas não estão acompanhando a literatura [científica], estão ignorando uma quantidade enorme de evidências para empurrar decisões”, criticou.

O diretor do Instituto do Cérebro também explicou que todas as substâncias têm grupos de risco e perigos relacionados à dosagem acima das prescrições. “Das substâncias que temos, a maconha é uma das mais seguras, a sobredose não mata, como mata a de dipirona”, exemplificou.

Para o cientista Elisaldo Carlini, um mais respeitados pesquisadores de drogas no Brasil, há 62 anos, o que atrasa o uso da maconha medicinal no país são mitos e preconceitos, incluindo aqueles de fundo racista. “O preconceito racial nesse país chega a tal ponto que hoje preconceito se alimenta de preconceito”, afirmou ele, que também participou do seminário. “E preciso mais pressão popular para o Brasil usar algo que o mundo já usa”, acrescentou.

Para autorizar o plantio de maconha para pesquisa e para o uso medicinal, a Anvisa pretende montar um grupo de trabalho e elaborar uma regulamentação específica, com a participação de órgãos de governo, como a Polícia Federal, além de pesquisadores. “Pretende-se ainda ampliar a participação após a evolução das atividades, que se encontram na fase inicial, por meio de convites a outros órgãos e instituições”, informou em nota enviada à Agência Brasil.

Em relação ao uso de medicamentos com substâncias da cannabis, a agência explicou que analisa pedido para autorizar o uso de remédios à base de canabidiol e tetra-hidrocanabinol (THC), mas não esclareceu se os remédios serão com a substância in natura ou sintética, que é feita em laboratório.


Fonte: Agência Brasil