Há um preocupante "empate técnico" entre os quatro piores planos de saúde, na opinião dos médicos entrevistados pelo Datafolha: Medial, Intermédica, Amil e Cassi foram os mais citados, como resultado de inédita pesquisa, encomendada pela Associação Paulista de Medicina (APM), e divulgada nesta quinta-feira, 23. Alguns resultados assustam: em escala de 0 a 10, os médicos atribuíram nota 4,7 aos planos ou seguros saúde no Brasil. Considerando apenas as empresas com as quais o profissional tem ou teve relacionamento nos últimos cinco anos, a avaliação é similar: nota média de 5,1.
Da divulgação da pesquisa participaram representantes do Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira, Academia de Medicina de São Paulo e sociedades de especialidades. Carlos Izzo, secretário-geral do Sindicato dos Médicos de São Paulo e membro do conselho fiscal da Federação Nacional dos Médicos, representou as duas entidades. Graça Souto, diretora do Departamento Jurídico do Simesp, também participou.
Entre os pontos destacados na pesquisa estão "constantes ataques à autonomia dos médicos, interferência descabida na relação com os pacientes, pressões para redução de internações, de exames e outros procedimentos".
O levantamento teve como objetivo, segundo informou o presidente da APM, Jorge Curi, conhecer a opinião dos médicos sobre a atuação das empresas de saúde suplementar. O Datafolha entrevistou médicos cadastrados no CFM, da ativa, que atendem a planos ou seguros de saúde particulares e trabalharam com, no mínimo, três planos ou seguros nos últimos cinco anos. Foram entrevistados 403 médicos, pelo telefone, de 23 de junho a 18 de agosto (200 médicos da capital e 203 do interior).
Presidente da Fenam e do Simesp, Cid Carvalhaes, disse que a pesquisa ratifica o que a categoria sofre no cotidiano da prática médica, às voltas com a crescente precarização das condições de trabalho: "A pesquisa mostra o que enfrentamos diariamente, com reflexos evidentes no atendimento à população. Devemos nos mobilizar ainda mais, a fim de evitar que os danos à categoria e aos pacientes continuem sendo tão agressivos".
Outros dados: piores honorários - Medial e Intermédica dividem o primeiro lugar; procedimentos burocráticos - oito planos empataram em primeiro lugar: Cabesp, Sul América, Cassi, Intermédica, Bradesco, Medial, Santa Casa e Amil; interferência na autonomia: cerca de nove em cada médicos declararam que há interferência, e 52% afirmaram que essa prática é comum a todos ou à maioria dos planos.
Em relação à maior interferência em tempo de internação, Amil, Sul América, Cassi, Medial e Bradesco estão em primeiro lugar, segundo os médicos. Sobre glosas e medidas terapêuticas, Amil, Sul América e Medial foram os mais citados. Além dos três, a Intermédica compõe a lista dos planos com maior interferência no número de exames e procedimentos.
Fonte: FENAM
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