Cassi, Amil, Geap e Medial são os quatro planos que mais mal pagam aos médicos. O mais burocrático é a Cassi. Os dois piores planos, de modo geral, segundo pesquisa, são a Cassi e o Geap. Os dados agora refletem a realidade nacional: as pressões dos planos de saúde sobre os médicos são intensas e profissionais denunciam distintas interferências das empresas para reduzir solicitação de exames, reduzir internações e outros "ataques" ao livre exercício da medicina. Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (01/12) ratifica dados levantados em pesquisa anterior, feita com médicos do Estado de São Paulo.
O estudo foi encomendado pela Associação Paulista de Medicina e Associação Médica Brasileira, com apoio das demais entidades médicas, incluídos a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato dos Médicos de São Paulo.
Segundo o Datafolha, a Cassi é, "destacadamente", o plano de saúde que mais interfere na autonomia técnica do médico. A marca é citada entre os três planos que mais interferem na decisão profissional, em todos os sete serviços estudados (tempo de internação, período de internação pré-operatório, glosa de procedimentos ou medidas terapêuticas, interferência no número de exames e procedimentos, prescrição de medicamentos de alto custo, restrições para doenças preexistentes, e atos diagnósticos e terapêuticos mediante designação de auditores).
O presidente da Fenam e do Simesp, Cid Carvalhaes, destacou três pontos, na entrevista coletiva que aconteceu na sede da APM. "A relação da Agência Nacional de Saúde com os médicos é inexistente, em uma omissão injustificável; os diretores da ANS têm relação umbilical com os planos de saúde; por fim, as operadoras e agências atribuem aos médicos, inadequadamente, a responsabilidade pelos percalços que assistimos com absurda frequência".
Números
Segundo a pesquisa, o médico brasileiro que trabalha com planos ou seguros saúde atribui, em média, nota 5 às operadoras, em escala de 0 a 10 (4% atribuíram nota 0). Os profissionais que trabalham nas regiões Sudeste e Centro-Oeste são mais críticos. Outro dado: 92% dos médicos afirmaram que os planos interferem em sua autonomia técnica. E isso ocorreu em todas as regiões, em índices que variaram de 90% a 95%.
Foram feitas 2184 entrevistas, nos 26 Estados e Distrito Federal, de 23 de junho a 24 de agosto deste ano. Todos os profissionais entrevistados estão cadastrados no Conselho Federal de Medicina, da ativa, atendem a planos de saúde particulares e trabalham com, no mínimo, três planos ou seguros saúde atualmente ou nos últimos cinco anos.
Dia de protesto
Mais de 80% dos ginecologistas e obstetras do estado de São Paulo deixaram de realizar atendimento eletivo aos planos de saúde durante todo o dia de ontem, 30 de novembro. Foi um protesto contra os honorários vergonhosos pagos pela saúde suplementar. De acordo com a Sogesp, há planos que pagam cerca de R$ 25,00 por consulta. Descontando os tributos e despesas para manutenção do consultório restam apenas R$ 5,00 ao médico.
O parto é remunerado por alguns planos em até R$ 200,00. De acordo com texto publicado no site da Sogesp, "Essa é uma situação humilhante. Para se ter uma idéia de quanto o valor é aviltante, basta lembrar que o profissional que filma o nascimento da criança chega a cobrar cinco vezes mais que esse valor".
O Sindicato dos Médicos de São Paulo parabeniza a categoria pela maciça adesão ao movimento. "O sucesso do movimento se deve ao belo trabalho desenvolvido pela diretoria da Sogesp, que soube organizar e unir forças. Se não houver melhorias no setor, a categoria já discute a possibilidade de paralisação definitiva", afirma o presidente do Simesp e da Fenam, Cid Carvalhaes.
O atendimento às urgências e emergências foi mantido, de acordo com o Código de ética médica.
Fonte :Simesp / FENAM
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