terça-feira, 15 de março de 2011

Ponta Grossa: “Tenho vergonha de trabalhar na Saúde” afirma servidor

Matéria do Jornal Diário dos Campos

A triagem é feita por funcionários que não têm conhecimento sobre saúde.

Servidor público do Hospital da Criança pede alterações no sistema de atendimento da instituição hospitalar. De acordo com ele, da forma como está, não há assistência adequada aos pacientes. “Estamos desatendendo a população”, diz o funcionário Carlos Alberto Souza Jaronski, que também questiona o andamento da Comissão Especial de Saúde, estruturada pela Câmara de Vereadores, com o objetivo de fazer um ‘raio-x’ do setor. De acordo com ele, a composição da comissão (que conta com dois médicos) pode comprometer as investigações. Mesma preocupação foi mencionada pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sérgio Doszanet.

O “desatendimento” apontado por Jaronski refere-se à inexistência de protocolo de acolhimento. O primeiro encaminhamento é feito por funcionários da administração, que não tem qualquer conhecimento sobre qual caso é considerado grave, por exemplo. É preciso que o hospital tenha um protocolo de acolhimento desses pacientes”, diz o funcionário Carlos Alberto Souza Jaronski.

De acordo com ele, deveria a triagem dos pacientes deveria ser feita por profissional da área da saúde. “No mínimo por uma técnica de enfermagem. Da forma como está, muitas vezes, os pais vão embora sem sequer ter acesso a um médico ou enfermeiro, porque as atendentes não permitem esse contato”, relata.

Além da deficiência na distribuição de pacientes, Carlos Jaronski também cita a desassistência em finais de semana e feriados. “Os CAS (Centros de Atenção à Saúde) somente atendem das 9 às 21 horas. Aos finais de semana e feriados, as unidades de saúde estão fechadas. E o Hospital da Criança somente presta atendimento mediante encaminhamento dos CAS e das unidades de saúde. Quer dizer, as pessoas ficam desassistidas das 21 horas às 9 horas. Da forma como está, tenho vergonha de dizer que trabalho na saúde”, afirma.

O secretário municipal de Saúde, Winston Bastos, admite que o Hospital da Criança não conta com protocolo de atendimento, mas afirma que emergências e urgências são atendidas. “Estamos iniciando tentativa de organizar o atendimento, primeiramente colocando uma pessoa nas primeiras horas da noite, para permitir mais agilidade”.

Depois dessa etapa, a triagem de pacientes deve ser implantada. “Atualmente, os pacientes que chegam já tem coletados os dados vitais. Aqueles que têm temperatura elevada são atendidos na frente. Mas acredito que uma triagem de todos os pacientes por um profissional de saúde (como propõe o funcionário do HC) poderia ajudar”.

Conselho

O pedido de elaboração de protocolo de acolhimento foi repassado ontem, ao Conselho Municipal de Saúde. O presidente do órgão, Sérgio Doszanet, confirma ter recebido um modelo de protocolo, já utilizado em outro hospital infantil do Brasil. “Vou verificar esse modelo, buscar informações, pedir auxílio aos demais conselheiros e, então, vou questionar o secretário municipal de Saúde (Winston Bastos).

Na próxima reunião do conselho – agendada para o dia 15 – Doszanet também deve colocar em pauta a formação da Comissão Especial de Saúde, uma vez que a mesma conta com dois médicos que trabalham no serviço público. “Acredito que eles deveriam ser chamados para prestar esclarecimentos também”, aponta.

Presidente promete transparência

O presidente da Comissão Especial de Saúde, vereador Júlio Küller, afirma que a presença de médicos e demais profissionais da saúde deve ajudar na coleta de informações. “Temos dois médicos, um dentista e um farmacêutico. Somente eu não sou da área da saúde. Eles conhecem a forma como a saúde funciona e, por isso, a participação deles é muito importante”, rebate.

De acordo com ele, o trabalho desenvolvido pela comissão será realizado com transparência. “Vamos fazer um raio-x da saúde, mostrando quem são os culpados pelos problemas que a população vem enfrentando. Confio nos membros da comissão”.

Küller fez questão de ressaltar, ainda, que o presidente do Conselho Municipal de Saúde também deve ser chamado para prestar esclarecimentos. “Até porque o conselho é um órgão deliberativo e, com isso, precisa aprovar todos os gastos feitos pelo governo municipal. Se o governo está agindo de forma errada, o conselho também tem culpa, pois aprovou os gastos”, dispara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário