sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Paralisação no atendimento aos usuários de planos de saúde: confira como foi o movimento nos estados



Com forte adesão em todo o país, médicos de 23 estados e do Distrito Federal suspenderam, nesta quarta-feira, 21/09, o atendimento aos usuários de planos de saúde, em um protesto organizado pelas três entidades médicas nacionais: FENAM, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.

Em 15 estados, a paralisação atingiu os planos que se recusaram a negociar reajustes nos honorários ou que apresentaram propostas irrisórias à categoria, bem como os que insistem em manter uma postura antiética na relação com os profissionais. Em nove unidades da Federação, no entanto, o movimento atingiu todas as empresas da área de saúde suplementar.


Confira abaixo como foi o protesto em algumas regiões

Acre - Cerca de 300 médicos no Acre paralisaram suas atividades por 24 horas. Eles, que se juntaram aos demais colegas de todo o país, protestam contra as operadoras de planos de saúde. Além de reivindicarem um aumento nos honorários, as entidades representativas acusam as operadoras de posturas ‘abusivas e antiéticas’, que estariam interferindo na relação médico-paciente. Cerca de 70 mil usuários utilizam planos de saúde no Acre. O plano-alvo do protesto são as seguintes operadoras: Assefaz, Caixa Econômica, Capesesp, Casf, Cassi, Conab, Correios, Eletronorte, Embrapa, Fassincra, Geap, Plan Assiste, Sesi/DR/AC e Unimed. O movimento nacional é comandado pela Comissão Nacional de Saúde Complementar (Comsu), Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

Alagoas - Seguindo o movimento de paralisação nacional, os médicos de Alagoas suspenderam o atendimento durante todo o dia 21 de setembro. A paralisação atingiu os quatros planos de saúde que estão resistentes com a negociação do reajuste de honorários: Smile, Hapvida, Norclínicas e Amil. De acordo com o presidente da sociedade de medicina e coordenador da comissão de honorários, cardiologista Cleber Costa, os planos não sobrevivem sem o trabalho do médico, e agora, com a recente portaria da Agência Nacional de Saúde, que disciplina, entre outras coisas, o agendamento de consulta num espaço de tempo menor, eles terão que contratar mais profissionais. Ainda segundo o coordenador, os pacientes não chegaram a ser prejudicados, até porque o atendimento emergencial foi garantido – somente as consultas deixaram de ser realizadas. O prejuízo recaiu unicamente sobre as operadoras, que deixaram de faturar um dia, sem falar que desgastam a própria imagem.

Bahia – Na Bahia, os médicos decidiram paralisar o atendimento aos usuários de planos de saúde por uma semana, começando na quarta-feira, dia 21. Até o proximo dia 27, os médicos baianos suspendem o atendimento eletivo aos usuários de dez planos: Cassi, Petrobras, Geap, Amil, Hapvida, Medial, Intermedica/Norclínicas, Life Empresarial, Promedica e Golden Cross. No primeiro dia da paralisação, a categoría se reuniu na sede da Associação Baiana de Medicina. Durante o período da manhã, lideranças médicas concederam entrevista coletiva à imprensa e, em seguida, foi realizado um debate sobre mercantilização da saúde. A programação incluiu ainda apresentações artísticas e uma caminhada até a nova praça de Ondina.

Distrito Federal - A Comissão Distrital de Honorários Médicos (CDHM), organizadora do Movimento Saúde sem Exploração no Distrito Federal, avalia adesão de cerca de 80% dos médicos à suspensão de atendimento aos planos de saúde Amil, Bradesco Saúde, Golden Cross e Sul América ocorrida em 21 de setembro, excluídos os hospitais pertencentes a operadoras de planos de saúde. Ao fim do protesto, diversos representantes de associações e sociedades de especialidades médicas do Distrito Federal se reuniram em assembleia na Associação Médica de Brasília (AMBr) para deliberar sobre a continuidade do movimento. Três novos planos foram apontados pelos médicos para futuras manifestações de protesto: Assefaz, Intermédica e Unimed (nacional, Centro-Oeste e do DF). Essas empresas serão convocadas a sentar à mesa de negociação com a CDHM. As operadoras que foram alvos da paralisação de ontem têm até 31 de outubro para apresentarem proposta de negociação.

Espírito Santo – A paralisação contou com a adesão de 60% dos médicos capixabas. Durante todo 21 de setembro, o atendimento ambulatorial (consultas e cirurgias eletivas) aos pacientes de planos de saúde ficou comprometido. A informação foi divulgada pelas lideranças do movimento no Estado, que ficaram com delegados regionais informando, de hora em hora, a movimentação nos consultórios da Grande Vitória e do interior.
Para avaliar o movimento e discutir ações futuras da categoria, representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), do Sindicato dos Médicos (Simes) e da Associação Médica (Ames) ficaram em assembleia permanente, das 7 h às 18 horas, no Auditório do Conselho, com os representantes das sociedades de especialidades médicas. No Espírito Santo, o movimento atingiu todos os planos de saúde. Somente o atendimento emergencial foi mantido.

Minas Gerais - Em Minas, estima-se que 27 mil profissionais atendam por planos e seguros de saúde. Desse total, 80% paralisaram os atendimentos como as consultas eletivas e outros procedimentos no estado. O movimento também foi marcado por uma audiência pública, que reuniu representantes dos médicos e das Comissões de Defesa do Consumidor e Saúde na Assembleia Legislativa. Eles definiram que vão a Brasília pleitear uma solução para o impasse com os planos de saúde junto à ANS e à Secretaria de Direito Econômico, vinculada ao Ministério da Justiça. Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Cristiano da Matta Machado, o movimento de 21 de setembro reafirma a insatisfação da categoria médica. "Queremos alertar a sociedade sobre as dificuldades que os médicos enfrentam nas relações com os planos de saúde e que acabam interferindo também na qualidade prestada por esses planos à população", diz. Ele destaca que se o sistema de saúde pública no país fosse melhor e se realmente oferecesse um serviço de qualidade para a população, com certeza a saúde suplementar teria uma dimensão menor e os médicos seriam melhor remunerados.

Pará - Na capital, Belém, os médicos usaram um caixão para mostrar a insatisfação da categoria com os planos de saúde que não negociam o aumento dos honorários e insistem em interferir na relação médico/paciente. Em um protesto organizado pelo Sindicato dos Médicos do Pará, Conselho Regional de Medicina e pela Sociedade Médico Cirúrgica, os médicos colocaram o caixão em frente à sede do CRM, onde foi feito um enterro simbólico da saúde suplementar, representando a situação dos médicos no Brasil. Eles também usaram faixas pretas em forma de luto, velas e um cartão vermelho, seguindo o mote da campanha nacional, que é "Vamos dar cartão vermelho aos planos de saúde".

Paraíba - Na Paraíba, os médicos deixaram de atender usuários de sete planos de saúde em consultórios, ambulatórios e hospitais. A adesão chegou a 70%, segundo informaram os organizadores do movimento. Em nota divulgada na imprensa local, o Conselho Regional de Medicina e o Sindicato dos Médicos explicaram que "a sociedade paraibana é testemunha da postura das entidades mencionadas, sempre na defesa intransigente do exercício ético profissional, buscando garantir a qualidade na prestação da assistência médica". As entidades pedem também que a população denuncie "a interferência antiética por parte dos planos de saúde na autonomia e no exercício do trabalho do médico, que cria obstáculos à solicitação de exames e internação, buscando a redução de procedimentos necessários, além de antecipação de altas e transferências de pacientes". Finalizando, o CRM-PB e o Simed-PB afirmaram na nota que "é imperativo que se valorize e se reconheça a relevância do trabalho médico para a sociedade e que não se tornem reféns de operadoras que os escravizam financeiramente, levando-os a extremos patamares de pressão e excesso de trabalho". Os médicos também concederam entrevistas à imprensa durante todo esta quarta-feira, explicando aos usuários os motivos da paralisação. A Associação Médica da Paraíba também teve importante atuação na mobilização da categoria.

Paraná – A Comissão Estadual de Honorários Médicos do Paraná avaliou que a adesão da categoria ao movimento de paralisação foi de 90%. De acordo com informações do Sindicato dos Médicos (Simepar),como parte do protesto a entidade também acionou as operadoras de planos de saúde na Justiça do Trabalho, com ações que estão em tramitação na primeira instância. A ação contra as operadoras de medicina de grupo já teve parecer favorável do MPT. O sindicato pleiteia a elevação nos valores dos honorários dos últimos cinco anos, além de reajuste anual. No estado, dos 19 mil médicos registrados pelo Conselho Regional de Medicina, cerca de 11 mil atendem através de planos de saúde.

Pernambuco – Na capital, Recife, a corrida pela CBHPM foi a maneira que os médicos encontraram para manifestar a insatisfação da categoria diante dos valores praticados pelas operadoras de saúde sobre os honorários. A manifestação contou com o apoio de usuários, que, junto com os médicos, fizeram um percurso de aproximadamente 5Km, no Parque da Jaqueira. Cerca de 80 pessoas, entre profissionais e usuários, participaram da corrida. Em Pernambuco, sete planos de saúde tiveram suas consultas e realização de exames (eletivos) suspensos por 24 horas nesta quarta-feira, 21: Real Saúde, Ideal Saúde, América Saúde, Golden Cross, e Hapvida (Santa Clara, Samaritano, OPS).

Piauí - No Piauí, foi realizado um café da manhã para os profissionais que se concentraram na sede do Sindicato dos Médicos. O movimento teve a cobertura de toda a imprensa local (televisão, jornais e portais de notícias), e contou com a adesão maciça da categoria, conforme avaliação do Simepi.

Rio de Janeiro – Pelo menos 10 mil médicos aderiram à paralisação de 24 horas. O número representa 90% dos profissionais credenciados a planos de saúde no estado, segundo cálculos do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj). Na manhã de 21 de setembro, representantes do movimento se reuniram em frente à sede da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na capital fluminense, para pressionar e exigir que a entidade reguladora intervenha no reajuste dos valores repassados pelas operadoras aos profissionais de saúde. O protesto, que também contou com a participação da Somerj, Accoerj, Central Médica de Convênios, das Sociedades de Especialidade e Associações Médicas de Bairros, visou também chamar a atenção da população para a prática das empresas, que penalizam os médicos e, sobretudo, os pacientes.

Rio Grande do Sul - A adesão à paralisação dos médicos de planos de saúde superou o índice de 90% no Rio Grande do Sul. O presidente do Sindicato Médico (SIMERS), Paulo de Argollo Mendes, considerou um sucesso a mobilização, que serviu para expor a política de exploração do trabalho médico pelas empresas. Argollo ressaltou ainda que o protesto, que ocorreu em todo o País, alertou para a prática dos planos de restringir os tipos de procedimentos e exames a serem recomendados aos pacientes. Pela manhã, os dirigentes das três entidades médicas que lideram a paralisação no Estado - SIMERS, Conselho Regional de Medicina (Cremers) e Associação Médica (Amrigs) - fizeram ato em frente ao Hospital Beneficência Portuguesa. A população recebeu panfletos expondo a situação e com um recado para que levem aos convênios o apelo da valorização da categoria. Os médicos gaúchos suspenderam agendamentos em planos como Bradesco, Golden Cross, Unidas, Centro Clínico Gaúcho, Pró-Salute e Doctor Clin. Unimeds e Ipergs não foram incluídos por terem negociações diferenciadas com a Comissão Estadual de Honorários Médicos do RS (CEHMRS).

Santa Catarina - Em Santa Catarina, o protesto dos médicos registrou a uma adesão de 70% dos médicos, a mesma média nacional. A primeira resposta da mobilização dos médicos catarinenses foi o compromisso do plano Geap para reajustar os valores pagos pelas consultas médicas. Para os procedimentos complementares à consulta foram abertas novas negociações com o plano. O assunto será discutido em reunião nos próximos dias. No estado, a suspensão foi organizada pelo Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (COSEMESC), que ressalta a importância da participação da categoria na ação e o avanço obtido junto a um dos principais planos de autogestão.

São Paulo – A adesão à paralisação no atendimento aos usuários de planos de saúde na maior cidade do país, conforme divulgado pela imprensa paulista, foi de 70% a 90%.

Na Baixada Santista, a adesão ao movimento também foi grande, conforme avaliou a Comissão Regional liderada pelo Sindicato dos Médicos de Santos e Região; Associação dos Médicos e CRM/Delegacia de Santos. Os membros da comissão ressaltam que é difícil mensurar um índice, pois foi um movimento dentro dos consultórios e clínicas. Porém, as matérias veiculadas na imprensa mostram que diversos consultórios e clínicas aderiram ao movimento. Além disso, o contato da comissão com a categoria ratifica o sucesso da mobilização. A mobilização na região atingiu cerca de 300 mil usuários de planos de saúde. Apenas os casos de urgência e emergência foram mantidos. "Houve casos de pacientes que ligaram para determinado plano de saúde reclamando da situação. A direção dessa operadora nos ligou se queixando e mantivemos a nossa posição de não atender", conta o vice-presidente do Sindimed, Octacílio SantAnna Júnior. Ele diz ainda que a mobilização regional ganha credibilidade a cada passo e já preocupa alguns planos de saúde que ainda não enviaram propostas e/ou respostas à comissão. "As empresas perceberam a nossa força e já nos procuram para negociar", conclui.

No interior de São Paulo, na região de Presidente Prudente, a adesão ao movimento ficou em torno de 70%, segundo o Sindicato dos Médicos local, que informou ainda que os médicos têm atendido as solicitações da entidade, até mesmo com pedidos de descredenciamento de alguns planos.

Em Campinas, de acordo com a imprensa local, a adesão ao movimento foi de 70% dos 10 mil médicos que atendem por planos de saúde naquela região. Segundo Casimiro dos Reis Júnior, diretor do Sindicato dos Médicos, a entidade negocia aumento com seis operadoras de planos de saúde.

Tocantins - Munidos de cartão vermelho, tema da paralisação nacional de 21 de setembro, as entidades médicas do Tocantins (CRM-TO, Sindicato dos Médicos e Associação Médica) iniciaram a suspensão do atendimento por plano de saúde em consultórios, ambulatórios e hospitais por 24 horas. Na ocasião, os médicos leram carta aberta explicando os problemas enfrentados, texto divulgado pelas três entidades médicas à população do Estado, por meio de panfletos e de veículos de comunicação. Das 12 operadoras de plano de saúde que atuam no Estado, apenas duas enviaram propostas ao sindicato, estas serão analisadas em assembleia da categoria médica marcada para o dia 21 de outubro. A manifestação é um movimento nacional contra os planos de saúde que se recusaram a negociar a revisão dos honorários médicos, ou propuseram percentuais irrisórios e ainda insistem em manter medidas que interferem no relacionamento entre médico e paciente.


Fonte : FENAM

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