sexta-feira, 21 de setembro de 2012

No RN, Comissão da Fenam faz vistoria em hospital e é recebida pela governadora

Em passagem por Natal, nesta terça-feira (18), a Comissão de Direitos Humanos da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) constatou o caos na saúde pública do Rio Grande do Norte. Pacientes em macas e sem previsão de atendimento, corredores servindo de quarto de internação, falta de medicamentos, e lixo espalhado. Esses são apenas alguns dos problemas apurados pela comissão no maior hospital público do estado, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, e que consistem no desrespeito à dignidade humana.

Acompanhados do presidente da Fenam (Geraldo Ferreira Filho), o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá, e o representante da Fenam, José Roberto Murisset, fizeram uma vistoria no Hospital Walfredo Gurgel, que resultará em um relatório a ser entregue ao Ministério da Saúde e à Organização dos Estados Americanos (OEA). Após a finalização do relatório, prevista para próxima semana, os conselheiros irão requisitar a intervenção federal do sistema público de saúde do RN, tendo em vista que o próprio Governo Estadual declarou estado de calamidade pública na saúde há mais de dois meses e o quadro de caos no setor não foi alterado.

“A ideia de trazer a comissão à Natal ocorreu em virtude das graves violações que os direitos dos cidadãos têm sofrido em Natal, particularmente na assistência a saúde. Nós notamos que os hospitais não dão a menor dignidade ao atendimento”, disse Geraldo Ferreira, que também é presidente do Sinmed-RN. Segundo Ferreira, a comissão deve ainda convocar, em Brasília, uma coletiva com correspondentes estrangeiros para comunicá-los dos crimes que são cometidos contra os cidadãos potiguares nos hospitais públicos.

Estudantes e médicos realizaram ato público em frente ao hospital em apoio a visita da comissão. Os manifestantes aproveitaram para protestar contra a precariedade do sistema público de saúde do estado.

Reunião com o Governo
A Governadora Rosalba Ciarlini convidou os membros da comissão para uma reunião, na tarde dessa terça (18), a fim de apresentar as ações de sua gestão voltadas para a saúde. Por mais de uma hora, representantes do Governo Estadual, do Sinmed, da comissão de direitos humanos da Fenam, e diretores de hospitais ficaram em reunião. O debate entre os participantes do encontro foi caloroso e a governadora teve um princípio de choro.

A gestora alegou dificuldades financeiras e afirmou que o Estado recebeu em torno de R$ 230 milhões em 2011, via Fundo Nacional da Saúde. O vice-presidente do CFM, Tibiriçá, argumentou que o DataSUS (sistema do Governo Federal com informações sobre o valor dos repasses da União para os estados) informava que R$ 800 milhões haviam sido encaminhados ao RN em 2011 para serem investidos na Saúde.

Durante a reunião, Rosalba tentou convencer a comissão pela não intervenção federal e pediu o relatório da visita ao Walfredo Gurgel. "Nós não vamos lhe entregar nenhum relatório. Nós vamos lhe denunciar", disse José Roberto Murisset, convencido de que a intervenção é a única solução para a saúde pública do RN.

“A Intervenção federal na saúde do RN é uma solicitação que a partir de hoje nós vamos colocar junto as entidades regionais de medicina. O que nós encontramos aqui é uma incapacidade local de resolver o problema. O Governo Municipal está em processo de fechamento das unidades de saúde, de não ter hospitais para dar resposta a essa crise. O Governo Estadual decretou estado de calamidade pública na saúde. Então, nós achamos que o Ministério da Saúde e o Governo Federal entrem diretamente aqui no estado, numa intervenção que faça uma co-gestão da resolução dos problemas que nós constatamos”, resumiu Aloísio Tibiriçá.

Murisset foi surpreendido pela situação de caos do Walfredo Gurgel, que é um hospital de referência no estado. “O hospital encontra-se num estado calamitoso, que avilta a pessoa humana e é essa a razão da comissão estar aqui. Os problemas prejudicam não só os pacientes, mas também os profissionais que lá trabalham”, declarou Murisset. Para o representante da Fenam, é notável a desorganização na gestão da saúde no RN.

Fonte: Sinmed-RN

Nenhum comentário:

Postar um comentário