Mulheres com
mais de 50 anos que queiram engravidar vão poder utilizar técnicas de
reprodução assistida, desde que assumam os riscos do procedimento. A decisão
faz parte de resolução divulgada hoje (22) pelo Conselho Federal de Medicinal
(CFM) que atualiza as regras para reprodução assistida no Brasil.
O coordenador da Câmara Técnica de Ginecologia e
Obstetrícia do CFM, José Hiran, ressaltou que a entidade continua defendendo o
limite máximo de 50 anos para a mulher passar por esse tipo de procedimento.
Isso porque, segundo ele, há graves riscos tanto para a mãe, como hipertensão e
diabetes gestacional, quanto para o feto, como prematuridade. “Cada caso deverá
ser analisado pelo profissional que toma conta do procedimento”, disse Hiran.
Outra mudança anunciada trata do uso da reprodução
assistida por casais homoafetivos do sexo feminino. As novas regras permitem a
chamada gestação compartilhada – quando o embrião gerado por meio do óvulo de
uma das mulheres é implantado na parceira. Segundo o diretor da Sociedade
Brasileira de Reprodução Assistida, Adelino Amaral, a alteração, neste caso,
foi apenas na redação, para que não surgissem dúvidas entre casais ou entre os
próprios médicos.
A resolução também trata da doação de gametas
(espermatozoides e óvulos). No caso de gametas do sexo feminino, só poderá
ocorrer da seguinte forma: mulheres com até 35 anos em processo de reprodução
assistida poderão doar óvulos para outras que não podem mais produzi-los, em
troca do custeio de parte do tratamento. “Trata-se do princípio da
solidariedade”, destacou o diretor.
O texto faz ainda alterações no capítulo que trata do
diagnóstico genético pré-implantação de embriões. Segundo Amaral, a regra vale
para casos em que sabidamente existe uma doença genética na família, como hemofilia
ou distrofia muscular progressiva. A estratégia consiste em utilizar a evolução
da medicina para evitar que uma criança nasça com graves problemas de saúde,
além de permitir a seleção de embrião compatível para doar células-tronco a um
irmão doente, por exemplo.
A primeira resolução do CFM que trouxe normas éticas para
a utilização de técnicas de reprodução assistida no Brasil foi publicada em
1992. As atualizações seguintes vieram em 2010, 2013 e agora, em 2015. A
previsão da entidade é que o texto seja publicado até a próxima quinta-feira
(24) e, em seguida, entrará em vigor.
As resoluções são as únicas normas no país que tratam
diretamente do assunto, já que o Congresso Nacional ainda não aprovou nenhuma
lei sobre o tema. A estimativa é que existam 106 clínicas de reprodução
assistida no país, responsáveis por mais de 60 mil transferências de embriões
apenas no ano passado.
Fonte: Agência Brasil
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